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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Minha mãe


              Minha mãe é uma figura. Quem conhece, sabe. Dentre todas a suas características engraçadas, a que acho mais curiosa é o fato de ela ser muito supersticiosa. E isso passou de geração em geração. A minha avó, mãe dela, era supersticiosa, ela consequentemente ficou assim, e de quebra eu passei a acreditar e fazer algumas superstições sem notar.
         Eu tenho uma teoria (infundada) para o fato de a minha mãe ser assim tão supersticiosa. Ela nasceu no dia 13 de agosto de 1951. Eu acreditava que esse dia poderia ter sido uma sexta-feira 13 de Agosto. O número 13 é um número considerado de azar (ops, minha mãe não gosta de falar essa palavra, tem que dizer falta de sorte). O mês de Agosto é o mês do desgosto e a sexta-feira 13 é internacionalmente conhecida como o dia da falta de sorte.  Aquele dia em que você tem que rezar para não cruzar com um gato preto e nem sonhar em passar debaixo de uma escada. Sem falar que se quebrar um espelho neste dia... ai ai ai...
         Consultando um site sobre “O dia da semana em que você nasceu”descobri que a minha mãe nasceu numa segunda-feira, então minha teoria está furada. Mas eu aposto que muitos dos aniversários dela caíram numa sexta-feira 13, o que também pode ter acarrretado esse transtorno psicológico de acreditar em tudo o que diz respeito a superstição.
        Eu confesso que já usei muito a fraqueza dela por superstições a meu favor. Por exemplo, tem uma que ela diz que se vc dormir sem beber água a alma pode sair do corpo a noite para buscar água e nunca mais conseguir voltar. Eu, é claro, não durmo sem beber 1 litro de água. E eu sempre usei isso para fazê-la buscar água pra mim antes de dormir. Tem outra que diz que não podemos guardar coisas velhas em casa porque a energia do passado fica presa e a vida não se renova. Já usei muito para fazê-la se livrar de coisas horrorosas que ela tem mania de guardar, como um porta-jóias em forma de coração de gesso pintado com “fru-fru” rosa choque do aniversário de 15 anos da minha vizinha, que já deve estar beirando os 40. Mas a superstição que eu mais adorava é a de que devemos arrumar a nossa cama assim que nós acordamos senão nosso anjo da guarda não desperta. Eu ia para o colégio sem fazer a cama e ela, coitada, com medo do meu anjinho não me acompanhar, arrumava pra mim.
        Outro dia minha sobrinha chamou uma moça aqui em casa para fazer drenagem linfática nela e ficou deitada em cima da mesa da sala esperando. A mesa da sala é uma mesa de estudos de madeira comprida com 6 cadeiras. Fica no tamanho ideal para não dar dor na coluna da moça da massagem. Quando a minha mãe chegou e viu aquela cena, arrancou a Júlia pelos cabelos de cima da mesa, pois quem deita em mesa, morre!
Por falar em morte, minha mãe não conta os mortos. Essa é a melhor! Quando acontece um acidente e morrem, por exemplo, 3 pessoas, ela fala: morreram 4 com o cachorro. É inevitável alguém perguntar: O cachorro também morreu??? E lá vai ela explicar a superstição: quem conta os mortos é o próximo a morrer. Isso me faz sempre pensar que os jornalistas vivem a beira da morte, porque sempre são eles a darem as notícias dos números de mortos num acidente. Agora imaginem o William Bonner falando:  Boa noite! Na última enchente em São paulo, morreram cinco com o cachorro.  Ou então: Morre ao 78 anos um grande escritor da nossa literatura. E também seu cachorro! Ia ser hilário!
          Outras superstições eu acho meio duvidosas. Acho que foi a minha avó quem inventou algumas para manter a ordem em casa com 4 filhos pequenos. São elas: a porta do armário aberta atrai defunto, chinelo virado pra baixo a mãe morre, e dormir com alguma peça de roupa ao contrário você nunca mais acorda. Inexplicavelmente eu sigo todas essas. Vou arriscar?
          Ah! Durante alguma tempestade minha mãe tira todos os eletrodomésticos da tomada, cobre todos os espelhos da casa com lençois e proibe a gente de pegar em coisas metálicas como garfo e faca. Ou seja: durante uma tempestade, a gente fica sem ver televisão, sem se arrumar, e ainda com fome porque aqui não tem garfo de plástico.
           E para terminar, preciso falar sobre a superstição mais estranha da minha mãe: quando alguém elogia muito o seu cabelo, unha, roupa ou qualquer coisa que vc tenha, para a pessoa não colocar quebrante (ou olho gordo) ela pensa bem forte na pessoa e fala baixinho: beija no cu dela, beija no cu dela, beija no cu dela... Essa nem Freud explica!!!

4 comentários:

  1. hahahah Adorei!
    Confesso que sigo a risca algumas supertições, como a do chinelo, do armário com a porta aberta....e meu pai é igual a sua mãe, desliga todos os eletros domésticos em dia de chuvas e trovoadas. Lembro muito bem tb na casa da minha Dinda os espelhos serem todos cobertos em dia de chuva!hahahahhaha

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  2. "um porta-jóias em forma de coração de gesso pintado com “fru-fru” rosa choque do aniversário de 15 anos da minha vizinha, que já deve estar beirando os 40" gargalhei horrores qdo li isso, pq eu acho q tem aqui em casa (moro com meus pais ainda, lembra?)
    E, vou seguir a última supertição da sua mãe q vc descreveu. Adorei!!! Bjs

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  3. Eu achava que minha mãe era supersticiosa, mas quando conheci sua mãe, bem antes dela sonhar em te dar a luz, vi que SUPERSTIÇÃO (com letra maúscula) era outra coisa.
    Minha mãe já falava do chinelo virado e esse medo me acompanha até hoje, mesmo depois de minha mãe já ter morrido. Agora que sou mãe, o medo é ainda maior.
    Mas, certo dia, na casa de minha mãe, começou uma tempestade e sua mãe estava lá. Então pude ver a angústia de sua mãe ao pedir para cobrir espelhos e para não usarmos talher. Minha mãe, apesar de ser supersticiosa em outros casos, não o era em relação à tempestade. Ao contrário, ela sempre nos tranquilizava mostrando que do encontro das nuvens nasce o raio e dizendo que quem ouve o trovão não precisa ter medo pois o raio já caiu muito longe. Neste caso, ela se negou a cobrir tudo e explicou didaticamente que os para-raios eram mais fortes que o metal do espelho e do garfo.
    Mas diante da angústia de sua mãe, pude perceber que o chinelo virado era muito pouco diante daquela SUPERSTIÇÃO.

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  4. Caraca!!!!!!! Essa é sua mãe!!!!! Conheço muito bem todas essas supertições.hahahahahahaha Lembra dos docinhos de São Cosme e São Damião destinados pra eles e que, por isso, a gente não podia comer? Algumas são inexplicáveis, mas outras têm fundamentos sim... É sempre bom arrumar a cama depois de levantar pra evitar o acúmulo de poeira que pode prejudicar seu sono e sua saúde nas noites seguintes. Arrumar a armário e jogar algumas coisas fora é sempre bom pra manter a organização da casa, né. Por outro lado, hé alguns mitos. Por exemplo, tapar o espelho em dias de tempestade não tem fundamento científico. Trata-se de um mito antigo, que tem origem no fato de o raio produzir uma luz forte que, refletindo-se no espelho, parece ter vindo dele. Mas existem outras explicações para essa crença popular. Uma delas se deve à observação de que, no Brasil Colonial, os grandes espelhos, com estruturas metálicas, favoreciam a incidência de raios dentro das casas. Embora isso tenha ajudado a difundir o mito, o motivo seria a estrutura metálica e não a superfície do espelho. Bom... Acho que esse comentário foi um "Pouquinho de Mi..."rs

    Michelle

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